Fase Expert: minha jornada construindo chatbot com IA

O que pude aprender nessa etapa sobre intenção, entidade e sobre o universo da Inteligência Artificial

Pâmella Fialho
6 min readMar 19, 2021

Durante as 4 semanas que estive na fase Expert do Capacita MDT, pude aprender sobre Inteligência Artificial. Não dava para esperar muito de uma pessoa que tinha preconceito com chatbots, não é mesmo?

Mas quem diria que eu embarcaria em mais uma aventura no mundo dos bots? Lá vai um resuminho do porquê eu tinha preconceito com bots e o porquê de eu ter começado esse curso.

Por várias vezes tentei resolver problemas de operadora de telefonia e de lojas e eu nunca conseguia chegar até um atendente humano. Isso me gerava uma indignação muito grande e uma sensação de que eu não conseguiria resolver os problemas que eu precisava, tendo que inclusive ligar para a operadora ou para a loja para realizar outra tentativa. Com essas situações, acabei detestando quando alguns sites e aplicativos tinham chatbots que nunca me levavam a um atendente humano e nunca respondiam as minhas questões.

Depois de um tempo pensei “será que todo chatbot é mal projetado assim? Será que toda experiência precisa ser ruim?”. E então resolvi começar o Capacita MDT como uma forma de também descobrir como era o processo de construção de um chatbot. E pasmem, me surpreendi com a maneira que eu estava enganada.

Decidida a embarcar nessa aventura, a fase Expert me trouxe enormes aprendizados sobre IA, chatbots e processos que eu desconhecia. Alguns desses aprendizados técnicos e outros mais subjetivos. Subjetivos porque existiu (e ainda existe) uma comunidade de mulheres incríveis dispostas a ajudar e apoiar. Mulheres que colaboraram para aprenderem juntas. Esse curso mostrou que não deveria existir competição entre mulheres e que todas são capazes de conquistar seus objetivos. Sinto muito orgulho de cada uma das minhas parceiras de bots.

Mas vamos para os aprendizados técnicos também, claro. Nesse período aprendi sobre intenções e entidades quando construímos um chatbot. Então vem a pergunta que não quer calar: qual é a sua intenção, hein?

Tá bom, tá bom, foi apenas uma brincadeira 😄

Vou dar exemplos para vocês de como funciona esses conceitos também.

Intenção: é relacionada a intenção do usuário, a como ele pode falar as dúvidas, frases e questões que ele tem sobre um assunto no bot. É uma boa prática criar a intenção começando com um verbo no infinitivo para indicar uma ação.

Vamos ao exemplo desse monte de conceitos. Para a intenção seria assim:

O nosso usuário entra no bot da loja e começa a conversar com ele. Durante esse percurso, o usuário tem dúvidas sobre como é a camisa. Quais são as maneiras que o usuário pode falar que deseja informações sobre a camisa?

Possíveis perguntas e frases:

  • Como é a camisa?
  • Poderia me dizer como é a camisa?
  • Gostaria de saber mais detalhes sobre a camisa
  • Me conta mais sobre a camisa

Esses são alguns exemplos de como um usuário falaria que deseja saber mais informações sobre uma camisa. A intenção do usuário é saber mais sobre, é entender, portanto o nome da intenção será definido exatamente pelo significado do que será respondido para o usuário.

No exemplo acima a intenção poderia se chamar #detalhar_camisa, porque o bot detalhará como é a camisa para o usuário.

Além da intenção, também existe o conceito de entidade. Todos esses têm como objetivo organizar melhor a IA do bot, inclusive para que seja realizada a curadoria. Mas vamos para a explicação de entidade.

Entidade: é utilizada quando existem intenções similares para um mesmo grupo de itens e vários itens que fazem parte de um mesmo grupo.

Tudo bem, eu sei que está confuso. Para clarear essa ideia, vou te explicar com um exemplo de como seria a entidade:

O nosso usuário continua conversando com o bot e ele deseja saber mais informações sobre dois produtos específicos: camisa e calça. Durante esse percurso, o usuário tem dúvidas similares sobre a camisa e a calça. Quais são as maneiras que o usuário pode falar que deseja informações sobre a camisa e a calça?

Camisa:

  • Como é a camisa?
  • Poderia me dizer como é a camisa?
  • Gostaria de saber mais detalhes sobre a camisa
  • Me conta mais sobre a camisa

Calça:

  • Como é a calça?
  • Poderia me dizer como é a calça?
  • Gostaria de saber mais detalhes sobre a calça
  • Me conta mais sobre a calça

Percebeu que as perguntas e frases são similares e só é modificado na frase o nome do produto?

Exatamente por isso é utilizado o conceito de entidade. A camisa e a calça fazem parte de um mesmo grupo: produto. E as frases do usuário que fariam parte da intenção são idênticas.

Para ficar ainda mais claro, vou te mostrar a diferença da relação de intenção-entidade de somente intenção.

No nosso exemplo, caso fosse utilizado somente a intenção resultaria em algo como #detalhar_camisa e #detalhar_calça. Mas concorda comigo que ambos tem o mesmo objetivo de detalhar um produto? Então por que não criamos uma entidade chamada produto e uma intenção apenas para ambos os produtos?

Veja como ficaria muito mais simples e enxuta essa estratégia.

Entidade: produto

  • Camisa
  • Calça

Intenção: detalhar_produto

  • Como é
  • Poderia me dizer como é
  • Gostaria de saber mais detalhes sobre
  • Me conta mais sobre

E é por isso que utilizamos essa estratégia. Mas não é sempre que ela será necessária. Se for criada uma intenção para responder o oi de um usuário, não faz sentido criar uma entidade para isso. Não existem itens de um grupo chamado oi. É apenas uma resposta a saudação do usuário e embora tenha várias maneiras de realizá-la, todas elas fazem parte de uma mesma intenção: responder_saudação.

Sei que são muitas informações, mas espero ter deixado claro o processo até aqui.

Eu, uma pessoa que tinha preconceito com chatbot, criei um chatbot do zero.

Irônico, não?

Mas se eu consegui essa façanha, com toda certeza cada um de vocês que têm interesse nessa área conseguem criar também.

Passei por grandes desafios até conseguir construi-lo. Nem sempre os conceitos foram fáceis de compreender e de colocar na prática, mesmo para mim, que sou da área de tecnologia e vi lógica de programação. Mas o importante é continuar tentando e não desistir. Tive companheiras de bots que me ajudaram quando precisei e essa comunidade não vai parar.

Tive dificuldade para entender certos conceitos, de passar para a parte prática e inclusive de tempo. Nem sempre tive o pique para estudar pelo cansaço da rotina. Contudo, tive a oportunidade de conversar com mentoras incríveis que não só me ensinaram a técnica, mas também me ensinaram a ver a vida de outra maneira. Essa é uma de muitas histórias de superação de mulheres que não sentiam ou não se sentem acolhidas na área de tecnologia muitas vezes. Sempre temos que provar que somos capazes, que conseguimos conquistar um objetivo. E voilà, nós conseguimos!

Só tenho a agradecer as mentoras, ao meu professor Bruno, a Smarkio e a D1. Vocês fizeram a diferença para muitas mulheres ❤️

E as minhas parceiras de bots, nos vemos por aí!

Que tal me pagar um café virtual? 😊

LinkedIn Instagram

E-mail: pamella-fialho3008@hotmail.com

--

--

Pâmella Fialho

Alguém que curte aprender coisas novas e compartilhar conhecimento usando a escrita para tal. Plantando e podando árvores por aí.